Durante minhas assessorias, em grandes Organizações sempre me intriguei sobre este tema, afinal na maioria das Empresas, sempre identifiquei interfaces com problemas nesta área de conhecimento. Raramente encontrei profissionais que acumulasse, de forma harmoniosa, estas duas virtudes, Competência mais confiança. Este se tornou um grande dilema dos responsáveis pelas Organizações, que na sua maioria optam pela confiança em detrimento da competência. Várias vezes fui direcionado, pelo Comando Principal, para seus Superintendentes, Gerentes, com objetivos de sanar desvios de gestão e técnicos, que representavam significativos prejuízos, no fluxo produtivo da Empresa, e ficou muito claro que o maior problema residia na incompetência dos responsáveis pela respectiva área. Autorização de compras vultosas, contratação de serviços inadequados, motivação da equipe, má coordenação, ações de execuções equivocadas, fazem parte deste acervo de prejuízos. Infelizmente quem apenas confiou, não obtém o retorno fidedigno destes desvios, pois as correções e o retrabalho entram em ação, sem o levantamento dos custos devidos. O ótimo seria colocar a responsabilidade em quem possui Competência e Confiança, porém sendo impossível, priorize a competência, criando métodos de controle eficazes, que suprima a confiança.

José Ary Pinho - CEO

Startup pode ser um grupo pequeno de pessoas montando uma empresa, que começam com poucos recursos, como também profissionais que encontram um problema para resolver e buscam alguém para financiar uma nova empresa. Muitos vincularam o termo, apenas as empresas relacionadas à tecnologia. Alguns acreditam que empresas como Google e o Facebook são startups, apenas por serem empresas tecnológicas. Mas na realidade, ser uma empresa tecnológica não é um requisito para ser considerada uma startup. A definição mais aceita para uma startup, é “trata-se de um grupo de pessoas unidas para resolver um problema muito difícil, que buscam encontrar um modelo de negócio que seja escalável e repetível, mesmo em um ambiente de grande incerteza”. As startups por natureza, são empresas ligadas a disrupção. Segundo Clayton Christensen, professor da Universidade de Harvard que inventou o termo “disrupção”. Esse termo está relacionado a criação de produtos que pela sua entrega de valor diferenciada, ameaçam grandes empresas que lideram certo mercado. Mesmo tendo um porte menor inicialmente. Portanto não podemos confundir ideias com desenvolvimento de Engenharia, principalmente quando o produto final não se trata de um bem de consumo ou uma prestação de serviço temporária. Neste viés, em consonância com a recessão econômica que vivemos, grandes empresas de engenharia reduziram seus quadros, dispensaram assessorias de especialistas e já não procuram consultores para estudos de complexos projetos ou para aprimoramento de processos. Apostam no mais barato e no brainstorming como se fosse uma startup, aproveitando jovens abarrotados de certificados acadêmicos, porém sem nenhuma experiencia. Antigos e experientes especialistas resolveram se aposentar e o mercado esqueceu que jovens certificados e voluntariosos não evitam e não sabem se comportar diante de tragédias como as de Mariana, Brumadinho, Viaduto da Marginal entre outras, pois faltam-lhe maturidade e autonomia para tal. O País precisa retomar a normalidade, com a retomada de grandes projetos, para que assim, os Empresários da Engenharia lembrem que cabelos brancos, nem sempre representam aposentadorias, mas sim um acervo técnico inigualável.

José Ary Pinho - CEO

Este artigo possui muita relação com meus dois últimos “Confiança ou Competência” e “Engenharia não é Startup”. Durante minhas assessorias, que exigem mudanças, costumo fazer uma apresentação sobre o comportamento das lideranças em relação ao processo de transição. Nesta apresentação identifico desertores, indiferentes, parceiros e piratas. Neste artigo vamos dedicar atenção aos piratas e principalmente aos corporativos, que são encontrados em todas Organizações. São aqueles, normalmente ligados diretamente aos investidores e ao comando principal das Empresas e que possuem um perfil bastante interessante: gozam de plena confiança dos seus superiores, são antigos na empresas, são egocêntricos, as vezes possuem competência, são abnegados, porém em sua grande maioria, são manipuladores e agem de forma não muito recomendável para manter o status perante seus superiores. Em grandes empreendimentos de empreitadas, onde obras são realizadas fora do ambiente corporativo eles se destacam, ajudados pela alta rotatividade de pessoal, pela falta de controles corporativos eficazes e pela sua própria posição no staff da Empresa. Torna-se muito fácil entender a alcunha de “pirata”: Por ser ele de confiança, normalmente é designado para iniciar os empreendimentos e neste caso inicia com aquela economia, irresponsável, no planejamento, engenharia, recursos humanos e materiais. O Comando principal normalmente gosta do baixo custo inicial, projetando um maior lucro para o futuro! Pronto, estão juntos a falta de gestão do conhecimento e a incompetência, com sucessivos retrabalhos, custos desnecessários e dai em diante vira um jogo de enganação onde o “Pirata” vai tentar provar que ele estava certo desde o início, quando na realidade ele é um dos principais culpados. Quem conhece obra, como eu estou falando, sabe que a esta altura o prejuízo projetado já superou a expectativa de lucro e os artifícios físicos/financeiros entram em ação para burlar o inevitável: medições antecipadas, pagamentos de contas postergadas, compras adiadas, revisões de cronogramas e programações extras inalcançáveis entram em ação jogando uma nuvem de fumaça e impedindo que os dados reais cheguem ao conhecimento dos investidores. Nesta hora entra em ação de novo o Pirata, agora transvestido de “salvador da pátria” e assume o empreendimento, gastando várias vezes mais, o que deveria gastar desde o início, mas agora com a missão de apenas, diminuir o prejuízo. Desta maneira, o investidor volta a ficar satisfeito, o pirata se consolida como salvador da pátria e mantem seu poder negativo para as organizações. Tudo isso poderia ser evitado com uma consolidada “Gestão de Conhecimento”, onde erros do passado jamais voltariam a ocorrer!

José Ary Pinho - CEO